Política G1 - Política

Mortes de Yanomami crescem quase 6% em um ano, mas governo alega subnotificação no passado

Dados são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, que comparou 2022 com 2023.

Por André Miranda

22/02/2024 às 21:51:27 - Atualizado há
Dados são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, que comparou 2022 com 2023. Governo afirma que número pode ser ainda maior. Apesar da operação especial do governo federal de combate à crise humanitária entre os Yanomami, o ano de 2023 se encerrou com a notificação de 363 mortes de indígenas da etnia — número superior ao de 2022, quando 343 morreram. Um aumento de quase 6% em um ano.

Os dados são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (22). Mas, segundo o governo, houve subnotificação em anos anteriores — ou seja, na gestão passada — e, por isso, os números podem ser ainda maiores.

A informação foi dada durante uma coletiva de imprensa no início desta noite — convocada a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Polícia Civil resgatou os corpos de três garimpeiros mortos na terra Yanomami

Apesar do cenário negativo, a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, disse que o mapeamento do problema permite uma melhora no futuro.

"Temos a certeza de que temos subnotificação, mas, agora, sabemos que temos, sabemos onde temos, e temos o diagnóstico do que está acontecendo no território — o que é diferente nos anos anteriores. Agora podemos dizer onde estão os vazios existenciais e quais as necessidades", afirmou.

Leia também:

Retorno do garimpo, desnutrição, avanço da malária e mortes: o raio X da Terra Yanomami 1 ano após governo Lula decretar emergência

A secretária argumentou também que problemas de pessoal favoreceram a perspectiva de subnotificação. "Estamos recompondo as equipes, havia uma questão de insegurança no início, então as equipes começaram a se deslocar mais no segundo semestre", explicou.

O Ministério da Saúde ainda apontou que o aumento no número de mortes está atrelado à maior presença do Estado no território, o que permitiu maior notificação das mortes. Dessa forma, a pasta afastou a tese comparativa, de que o cenário atual é mais grave do que no ano anterior.

O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, disse que a subnotificação de mortes relacionada aos yanomami é histórica por conta da cultura de luto do grupo, que busca não manter lembranças daqueles que morreram, o que dificulta notificação tardia.

"Os dados referentes aos últimos anos não são confiáveis. Até os dados novos apresentam complexidade de interpretação. Estamos tratando de um povo que tem dificuldade de tratar o tema da morte, que tem um ritual fúnebre de incineração não só do ente querido, mas da maloca e dos entes pessoais para não ter a memória da pessoa", disse.

O Ministério da Saúde anunciou a construção e reforma de 22 Unidades Básicas de Saúde ainda neste ano, além da intenção de lançar licitação para a construção de um hospital indígena em Boa Vista, em Roraima, mas sem previsão de data.

Para combater a crise na região, o governo informou ainda que terá um orçamento emergencial de R$ 1,2 bilhão.

Povo Yanomami

Atualmente, o Ministério da Saúde estima que a população Yanomami seja composta por 32.052 indígenas espalhados em 376 comunidades com concentração em Roraima e norte do Amazonas.

Ainda segundo o governo, as notificações da malária entre esses indígenas dispararam em um ano, saindo de 11.530 em 2022 para 29.900 no ano seguinte.

O atual governo reabriu 6 polos de assistência médica e social aos indígenas, mas um ainda permanece fechado. Segundo a Secretaria de Saúde Indígena, parte do território ainda tem ampla atuação de garimpeiros, o que impede a atuação de equipes de saúde.
Comunicar erro

Comentários Comunicar erro

O Jornal

© 2024 Copyrigth 2024 - O JORNAL, todos os direitos reservados.
Avenida 9 nº 625 - Sala 8 - Centro - Rio Claro - SP

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

O Jornal